EDITORIAL: Salve, Formosa: 180 anos! A cidade cresce para onde e para quem?
Em breve, o bicentenário. Como a cidade estará para celebrar a marca? As fragilidades de Formosa vêm de seu planejamento urbano, ou da falta dele.
O mais recente censo realizado no Brasil (2022) revelou que Formosa tem cerca de 115.669 habitantes, um crescimento de 1,2% em relação ao censo de 2010 que havia contabilizado 100.85 habitantes.
Formosa cresce e o crescimento da cidade precisa ter um bom fio condutor, que leve em consideração o seu papel enquanto integrante da Região Metropolitana de Brasília e enquanto polo de desenvolvimento do Nordeste goiano.
É preciso saber onde ela se encontra e para onde ela caminha. É preciso traçar os planos tendo em vista a inclusão e a cidadania, com a atenção voltada para a necessidade do dia a dia de seu povo, do mais simples trabalhador e trabalhadora ao empresário de relações comerciais internacionais.
Formosa está na órbita do Distrito Federal. Em vários aspectos, está mais ligada à capital da República do que à capital do próprio Estado de Goiás, Goiânia.
O município passou por consideráveis períodos de crescimento desde que era um posto de passagem de tropeiros até se tornar em um dos municípios goianos que cederam espaço para o estabelecimento da nova capital do país, nos anos 1.950/1.960, fato que, certamente, reorientou a cidade, favoreceu o seu crescimento e provocou transformação cultural.
Fluxos migratórios para a região, intensificados no período das décadas de 70 e 80, certamente mudaram a paisagem da cidade e pessoas de todas as regiões do país constituem a população de Formosa. Migrantes da região Sul foram parte do processo de consolidação de uma cultura agropecuária na cidade, com as controvérsias que produz.
Uma cidade que cresce está crescendo para onde e para quem? As fragilidades de Formosa vêm de seu planejamento urbano, ou da falta dele.
Formosa possui nascentes, lagoas, rios e córregos que são parte de grandes bacias hidrográficas, que correm riscos de sobrevivência em razão de omissões e décadas de descaso para com os impactos provocados ao meio ambiente por um modelo de desenvolvimento dissociado da sustentabilidade.
Sem ações estruturantes para a preservação e conservação do meio ambiente, produz problemas que se perpetuam, como as inundações que se repetem historicamente todos os anos, em especial nas margens do Córrego Josefa Gomes.
Tem uma faixa de população da cidade que mora mal, que não recebe cuidados básicos de uma administração pública municipal.
Aguardamos a boa vontade do poder público municipal para que o Minha Casa Minha Vida volte a construir em Formosa. É preciso que haja a cessão da área onde poderá ser erguido um conjunto habitacional para que o governo do presidente Lula possa liberar recursos para a construção de casa própria para as famílias de menor poder aquisitivo.
Em tempos de especulações imobiliárias certamente propostas de moradia popular serão desafiadoras, sobretudo quando cada vez mais as regiões periféricas começam a se tornar objeto de interesse e de construção de casas luxuosas ou condomínios de luxo.
Formosa tem uma ampla cobertura de terras, em um convívio nem sempre harmônico entre grandes fazendeiros, pequenos produtores rurais e grupos de assentados da reforma agrária e de famílias do MST – Movimento dos Trabalhadores sem Terra em processo de assentamento.
Recentemente, braços do agronegócio usaram de intimidação com uso ostensivo de armas na tentativa de impedir que as famílias pudessem entrar e sair de suas casas.
A rede pública de saúde não comporta a demanda. Pacientes de Formosa em tratamento de hemodiálise viajam três vezes por semana para a cidade de Posse, distante mais de 235Km, para receber o atendimento especializado. Esses pacientes passam três, dos sete dias da semana, na estrada.
Cresce a cobrança por uma rede de saúde pública municipal. Com a estruturação de um hospital estadual em Formosa ganha força na cidade o debate sobre o fortalecimento do SUS - Sistema Único de Saúde.
Garantir a continuidade de políticas federais conjugadas com políticas estaduais e municipais é um elemento chave nas discussões sobre saúde pública em nossa cidade.
Do ponto de vista do ensino público superior, Formosa conta com um Câmpus da UEG – Universidade Estadual de Goiás e se beneficia de políticas públicas dos primeiros mandatos do presidente Lula, que dentre outras coisas criou uma rede robusta de Institutos Federais que ofertam cursos técnicos vinculados ao ensino médio e a educação de Jovens e Adultos, de Ensino Superior. O IFG em Formosa definitivamente qualificou quadros importantes em nossa cidade.
Na educação infantil, Formosa está recebendo três novas creches do governo federal ainda neste ano.
No entanto, a rede de Educação básica deixa muito a desejar. Faltam professores! Concurso é uma palavra esquecida de longa data pela administração municipal. A Lei do Piso Salarial do Magistério não é praticada anualmente.
Ações paliativas já não cabem mais. E a cidade continua crescendo. Em 10 anos, somaram-se quase 16 mil pessoas à população de Formosa. A cidade está crescendo para onde e para quem?
É esta a reflexão que faz o Partido dos Trabalhadores neste momento em que Formosa completa 180 anos de vida e que o PT Formosa prepara um plano de governo para apresentar ao povo da cidade nas eleições municipais do ano que vem.
Salve, Formosa!
Por Redação
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