Enem 2021: Projeto de destruição da Educação brasileira precisa ser estancado
Redução de participantes deixa cicatriz histórica: quanto tempo vamos demorar para buscar os jovens que ficaram fora do exame nacional do ensino médio?
No dia 11 de fevereiro do próximo ano, os estudantes que fizeram o Enem 2021 – Exame Nacional do Ensino Médio vão saber como foi o desempenho nas provas realizadas no último mês de outubro.
O Enem foi a porta aberta pelo então presidente Lula para os alunos e as alunas do ensino público brasileiro entrarem na universidade, seja ela pública ou privada.
Neste 2021, o Enem registrou o menor número de inscritos, apenas 3,1 milhão, redução drástica uma vez que o Exame já teve a participação de 8,7 milhões de pessoas, em 2014.
É preciso considerar ainda a alta abstenção. Dos 3,1 milhão inscritos em 2021, apenas 2,3 milhões fizeram as provas.
“Quando menos jovens se inscrevem no Enem - Exame Nacional do Ensino Médio, é uma derrota do Brasil. Quem vamos formar para contribuir para o desenvolvimento nacional, inclusive para a superação das crises por que a gente tem passado? Isso deixa uma cicatriz histórica no Brasil, porque a gente vai demorar muito tempo para voltar atrás e buscar esses jovens brasileiros que vão ficar de fora deste exame nacional.”
A avaliação é de Rozana Barroso, presidenta da UBES, União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, feita em audiência no dia 10 de novembro, na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.
Enem excludente
O fato de um grande número de estudantes não ter conseguido dinheiro para pagar a taxa de inscrição e nem mesmo conseguido a isenção da referida taxa foi um dos problemas apontados pela estudante Karla de Souza Ritter para a redução do número de inscrições.
Karla faz o curso técnico Integrado ao Ensino Médio em Biotecnologia pelo IFG Câmpus Formosa. Ela destacou que “o próprio ministro da Educação afirmou que a universidade seria ambiente pra poucos, fala essa que me dá repúdio”. Ressaltou também a desorganização na divulgação de datas e locais de prova. “Faltando uma semana, muitas pessoas não sabiam sequer onde iam fazer a prova, entende? Os locais de prova podem variar pra muitos e tem que ter uma organização de como chegar lá”.
O projeto de destruir a Educação no Brasil está avançado, seguindo o cronograma do presidente da República que se coloca como o maior inimigo do direito à Educação, com ataques constantes às Universidades, com cortes orçamentários e também com ataques ao Enem.
O retrocesso na Educação começou a partir do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff que, na verdade foi um golpe contra o povo.
O presidente que assumiu iniciou o desmonte do serviço público a partir da educação, da saúde e da segurança pública ao estabelecer o teto de gastos para a área social.
Aquele que o sucedeu, cuida de acabar com a estrutura que existia. O desprezo é tão grande que teve ministro que chamou as universidades públicas de “balbúrdia” para justificar o contingenciamento de recursos, corte de verbas para o MEC – Ministério da Educação e ausência de coordenação da crise da Educação durante a pandemia.
Na verdade, o que se tem até aqui é uma batalha ideológica, de tentativa de reescrever negativamente a história, de ataques diretos a minorias, causando instabilidade e crise de confiança no MEC e no próprio Enem.
Em 2019, o governo criou uma comissão para revisar as questões do Exame a fim de filtrar ideologias. Na edição de 2020 questões relacionadas à ditadura militar, até então recorrentes, desapareceram da prova.
Em 2021, o atual ocupante do Planalto afirmou que o exame começa a ter a cara do governo. E é o que aconteceu: o Enem passou a escancarar o projeto do governo que exclui a população mais pobre do acesso aos direitos básicos, comprometendo o futuro de milhões de jovens que sonham em melhorar suas vidas por meio da educação. E, mais que isso, comprometendo o futuro e o desenvolvimento do país.
Crise no INEP
A poucos dias da prova do Enem, 37 servidores públicos do INEP- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, órgão ligado ao MEC, se demitiram após denúncias de assédio moral, acúmulo de trabalho e desmonte de diretorias. Esses servidores relataram à imprensa, que houve tentativa de censurar questões relacionadas a contextos sociopolíticos e socioeconômicos do Brasil.
O movimento “Todos Pela Educação” definiu bem a situação brasileira: “A crise que atinge o INEP é resultado de uma corrosão institucional sistemática produzida no governo atual, abala a credibilidade do órgão e põe em risco a política educacional e a gestão da Educação no Brasil”.
Para mudar essa realidade, é preciso mudar o governo do Brasil.
Como bem disse Lula, “não é elegendo apenas um presidente que a gente muda esse país. É preciso votar em deputados e deputadas, senadores e senadoras que tenham compromisso histórico com o povo brasileiro, com a juventude brasileira e com a soberania brasileira.”
Da Redação
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