Formosa

13 mulheres ocupam o topo da pirâmide do poder no terceiro governo Lula

A paridade de gênero não foi alcançada, mas há razões para se comemorar, avalia Zezé Weiss, fundadora do Partido dos Trabalhadores e militante feminista

ícone relógio17/01/2023 às 16:44:48- atualizado em  
13 mulheres ocupam o topo da pirâmide do poder no terceiro governo Lula

As mulheres estão no comando de ministérios de diferentes áreas e na direção de bancos públicos no governo Lula que se inicia neste 2023, ano que também marca os 43 anos do Partido dos Trabalhadores. 

A luta pela participação feminina dentro das esferas de direção do PT vem desde a sua fundação, em 1980. Uma bandeira que se fez presente também nas diferentes administrações públicas conquistadas pelo Partido desde então.  

Zezé Weiss, jornalista, feminista e fundadora do Partido dos Trabalhadores, junto com Lula e outros companheiros e companheiras, destaca que, mesmo com avanços, a luta pela ampliação do espaço da mulher nas instituições e na sociedade ainda continua.

Em entrevista ao site do PT Formosa, Zezé Weiss destaca que “ainda que não tenha sido possível alcançar a paridade de gênero no governo Lula III, há razões de sobra para comemorar: criou-se o Ministério da Mulher, da Igualdade Racial (antes era Secretaria, com status de ministério, mas secretaria) e dos Povos Indígenas, todos eles comandados por mulheres.  

Nas outras áreas, o Meio Ambiente volta a ser dirigido por uma mulher e entraram duas mulheres na linha de frente do comando da Economia. Partindo de onde viemos, isso não é pouca coisa!”

O espaço da mulher cresceu entre avanços e recuos

Voltando ao passado, ao início de nossa história como partido, não posso deixar de lembrar da luta ferrenha que nós, mulheres feministas, travamos nos grupos de trabalho e nos debates prévios à festa de fundação do PT, em 10 de fevereiro de 1980, em São Paulo”, relata Zezé Weiss.

“Foram dias e horas elaborando propostas de inclusão de mulheres na primeira direção do PT para, ao final, Lula ler a nominata, e, se não me equivoco, com apenas uma mulher, Lélia González, entre os 113 participantes da primeira diretoria nacional do PT.

Isso sem contar na bronca pública que nós levamos do Lula, eu inclusive, por ocupar o microfone do encontro para ousar protestar pela ausência efetiva da participação feminina da direção do partido que havíamos construído, solidariamente, homens, mulheres e toda a diversidade de todes da militância que fundou o PT. "Vocês, mulheres, deixem de ler Marx e Lenin nas universidades e partam para organizar o movimento de mulheres para conquistar seu espaço na direção do Partido dos Trabalhadores", disse Lula naquela tarde histórica. Como mudou - e infinitamente para melhor - o nosso companheiro!

De volta pra casa, tive o privilégio e a honra de fazer parte, como secretária de organização, da primeira direção do PT. Não sei bem como entrei, mas lá estava eu, representando 100% da cota feminina, com o respeito de uma parte e o escárnio de outra parte daquela primeira diretoria. Não foram poucas as vezes em que ao chegar eu ouvia "chegou a feminista porra louca", ao que todo mundo caía na risada e ninguém, absolutamente ninguém, abria a boca para protestar contra aquele tratamento abusivo.

Houve, desde o início, um esforço combativo de organização de nós mulheres no PT de Goiás.  Mas, mesmo entre nós, as feministas, éramos minoria. Não posso deixar de registrar que em nosso primeiro encontro as próprias mulheres decidiram pelo direito de voz e voto dos homens. Felizmente as condutas mudaram, ao ponto de termos hoje uma mulher na presidência do PT em nosso estado, mas no começo foi um horror, era guerra.

Como em todo movimento social, a luta de nós mulheres por equidade e paridade nas instâncias do PT foi crescendo entre avanços e recuos até o ponto do não retorno, que foi quando, depois de uma campanha sem trégua e de um discurso uterino da deputada Benedita da Silva, nós mulheres do PT alçamos o direito a 30% das vagas nas instâncias de direção partidária.

O resto é história recente e, portanto, bem mais conhecida. No PT de hoje, as direções são paritárias e, tão importante quanto, diversas e coloridas. É lindo ver e viver este tempo de inclusões várias em nosso partido. É emocionante servir de exemplo de equidade para o conjunto da elite política e de toda a sociedade brasileira. Mas, do fundo meu coração, camaradas, ainda falta. Falta muito e compete às novas gerações seguir lutando por maiores e mais lindas conquistas para nós, mulheres, no Partido dos Trabalhadores.”

Quem são as 13 mulheres indicadas por Lula e suas pastas

  • Ana Moser: ministra do Esporte
  • Anielle Franco: ministra da Igualdade Racial
  • Cida Gonçalves: ministra das Mulheres
  • Daniela do Waguinho: ministra do Turismo
  • Esther Dweck: ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos
  • Luciana Santos: ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação
  • Marina Silva: ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima
  • Maria Rita Serrano: presidente da Caixa Econômica Federal
  • Margareth Menezes: ministra da Cultura
  • Nísia Trindade: ministra da Saúde
  • Simone Tebet: ministra do Planejamento e Orçamento
  • Sônia Guajajara: ministra dos Povos Indígenas
  • Tarciana Medeiros: presidenta do Banco do Brasil

 

Por Redação com Zezé Weiss

 

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